quarta-feira, 6 de julho de 2011

Grande Entrevista a Ivo Sá Machado

Aos 25 anos costuma-se sair da casa dos pais. É isso que quer para Joane com a autonomia financeira?
Não me passa pela cabeça a criação do concelho de Joane. No âmbito da troika fala-se na fusão de freguesias e não me parece que seja Joane a desaparecer mas outras a fundirem-se com Joane,se calhar a fusão só irá acontecer com freguesias de Famalicão. Quando Joane é tratado com desprezo pela Câmara, concluímos que não nos querem, por isso falei em autonomia financeira. Em 10 anos de Armindo Costa na Câmara, Ribeirão recebeu 995 mil euros em protocolos. Joane recebeu 301 mil euros! A Câmara não faz um plano de repavimentações em Joane mas deu,só em 2010, 234 mil euros a Ribeirão! É desconsideração! Desde 2007 que Armindo Costa não vem às comemorações da vila e não vem porque tem a consciência pesada, sabe muito bem o que anda a fazer a Joane! Desde Paulo Cunha assumiu o PSD de Famalicão que a estratégia é só uma para Joane: secar, secar, secar!


Mas esta Câmara construiu um Centro Escolar de 3 milhões de euros, renovou o centro, colocou a rede de água e saneamento e foi com ela que o quartel da GNR apareceu...
Com o quartel, a Câmara não gastou um cêntimo, o terreno foi tratado por Agostinho Fernandes e resultou de contrapartidas. O Centro Escolar, 50% do valor vem de fundos comunitários. A Câmara gastou 1,5 milhões de euros mas começou a construí-lo em 2009 e só inaugura em 2011. Nestes 3 anos os joanenses pagaram em impostos para o município 3,6 milhões de euros, fora os 5% de IRS. Armindo está na Câmara há 10 anos. Se em cada ano tivesse recebido 1 milhão de euros pelos joanenses, seriam 10 milhões. Se a Junta tivesse recebido esse dinheiro directamente, juntamente com comparticipações, seriam 15 milhões que em 10 anos teríamos investido em Joane. A Câmara não investiu nem metade!

Mas há uma lógica de solidariedade na distribuição de verbas pelo concelho...
Parece só funcionar para Ribeirão. Também não se compreende como Vermoim tem o dobro do valor em protocolos, mesmo tendo apenas um terço da população de Joane. É isso solidariedade? A mim disseram-me que em 2010 não haveria protocolos com as freguesias, mas chegamos ao final do ano e verificámos que foram realizados 1,643 milhões de euros em protocolos.

Resolve-se, portanto, com autonomia financeira...
Não só, também com nova legislação que imponha mais regras. Justiça seria a Câmara em matéria de rede viária atribuir verbas por quilómetro, dando às Juntas a responsabilidade de as fazer. Se assim fosse, garanto que o acesso à igreja não estava a vergonha que está.

A obra no Largo 3 de Julho está pronta, a Casa Mortuária estará pronta este ano e o Centro Escolar abre também em 2011...
O Largo não está pronto.Há uma parte que se arrasta em tribunal. Quanto à Casa Mortuária vai ser bonito ver até que ponto a palavra da Câmara se mantém. Temo que mais uma vez dê o dito por não dito. A obra, para já, arranca com o apoio da Junta e dos paroquianos.

Qual será a próxima grande obra que Joane poderá lutar? 
Há várias mas o Centro de Saúde de raiz é uma necessidade, o actual é exíguo.

E terreno para isso?
Há algumas alternativas, a nossa aposta é no centro. Seria interessante ter o edifício da Junta virado para a rua de baixo e o Centro de Saúde virado para a rua de cima.

Está apostado em reduzir o passivo da autarquia (35 mil euros). Nos próximos 2 anos a Junta não apresentará obra?
As pessoas estão à espera do dinheiro e nós temos que pagar. Cerca de 10 mil euros ainda são da nova feira. Vamos ter receita que dará para algum investimento; a Câmara continua a não celebrar protocolos connosco, espero que em 2012, com o aproximar das eleições, abra a torneira para Joane.

Joane vai ficar mais uma década com o cenário da antiga estamparia?
A Câmara tem aqui uma oportunidade se quiser ser ambiciosa. Basta propor a aquisição dos terrenos. Nesta altura seria um excelente negócio. Se para tal Joane tiver que esperar 10 anos por uma sede de Junta, eu preferia.

Não deve ser bem planeado para evitar erros do passado?
O centro de Joane deve ter serviços públicos e zona de lazer. Não queremos habitação com densidade. Podemos simplesmente comprar os terrenos, colocar relva em toda a extensão e, com tempo e dinheiro, planear o que lá colocar.

A quarta loja do Largo 3 de Julho já tem destino definido?
Fizemos uma proposta para instalar serviços públicos. Somos donos do terreno, ainda não assinámos o direito de superfície e já lá estão três lojistas, por isso não aceitamos que a Câmara ponha e disponha sem dar cavaco a ninguém.

Como está o processo dos terrenos hipotecados do Largo 3 de Julho?
Há uma acção principal mas sem julgamento marcado. O Município deveria ser mais intransigente, avançar com o arruamento do Largo ao Parque da Ribeira.

O centro está condenado a ter por muito anos aquele prédio devoluto como imagem de fundo?
Se a Câmara não tivesse medo e invocasse o interesse público, o problema estaria resolvido. Ninguém responde pela insegurança do prédio, só falta dizer que a culpa é da Junta.

Já há decisão quanto à ocupação das escolas primárias?
Propusemos à Câmara que a de Mato da Senra fique para a Loja Social, a de Cima de Pele para a ACIP e as restantes para associações sem sede.

Abandonaram a ideia de um museu etnográfico? E o espólio do Padre Benjamim Salgado?
O Museu está previsto numa das salas. A questão do espólio nunca se colocou, deve ficar na Escola Secundária ou na Biblioteca Municipal.

Está posta de parte a ideia de alienar uma das escolas?
Sim, é uma boa notícia para Joane que o Município tenha abandonado essa hipótese.

A 2 anos de sair, o que fica como frustração de não ter conseguido?
A compra do prédio ao lado da antiga sede de Junta. Na altura (1997) foi-nos oferecido por 25 mil contos. Pedi a Agostinho Fernandes que me disse não. Senti-me derrotado mas com consciência de tudo ter feito para o comprar. Hoje Joane teria uma excelente sede de Junta.

O que espera de 2013? Podem aparecer mais candidaturas?
Sempre se falou em independentes e na divisão do PS. Assisto de camarote embora apoie publicamente o candidato escolhido pelo PS. António Oliveira é um independente claramente identificado com o PS. A sua experiência pode pesar. Mas anda por aí muita gente nervosa. Não se pense que é fácil governar Joane. Peço desculpa se estou a ser presunçoso mas eu questiono: quem melhor do que eu saberá quem tem melhores condições para ocupar o cargo? O António é um excelente candidato mas é preciso que o PS assim o entenda e também que os que se acham capazes se apresentem para serem feitas escolhas.

O seu futuro passa pela Câmara de Famalicão?
O PS de Famalicão vai definir em Outubro a sua estratégia para 2013. Até lá não contribuo para alimentar rumores porque nada está discutido embora saiba que o PSD ande muito nervoso, basta ver o que o Dr. Paulo Cunha tem dito a propósito da minha actividade política.

Baseado in "Repórter Local"

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